As ambiências mágicas na música de Erik Satie são um conluio admirável entre o misticismo e a boémia. Quando em 1878 ingressou no Conservatório de Paris, com apenas 14 anos, foi considerado um imprestável perguiçoso, medíocre e sem sentido do ridículo. Tinha aprendido a tocar piano, anos antes, em Honfleur, com o organista da igreja de Sainte Catherine, um tal Gustav Vinot, discípulo de Niedermeyer.
Para sobreviver tornou-se pianista do 'Chat Noir' - onde se apresentou ao Gerente como sendo 'Gymnopedista' (o termo deriva de um antigo festival grego Gymnopaedia dedicado ao deus Apollo, onde jovens nús dançavam ao som de música de flauta e lyra) - e no 'Auberge du Clou' onde viria a conhecer Debussy. Os 'grandes' encontram-se sempre uns aos outros, mesmo nos ambientes mais improváveis, por qualquer espécie de fenómeno de atracção que trai a lógica humana.
Em 1891, influenciado por um amigo, Joseph-Aimé Paladan, ingressa na Ordem dos Rosacruz e compõe música para as cerimónias rosacrucianas. Desencantado com a Ordem funda a sua própria igreja, L'Église Metropolitaine d'Art de Jésus Conducteur, da qual era, e foi, o único membro - e excomungava a todos os que discordassem dele!
Aos 40 anos decidiu voltar a estudar. Tinha então abandonado Montmartre para viver num modesto quarto da rue Cauchy, em Arcueil, subúrbio industrial de Paris. Caminha nove quilómetros todos os dias para vir tocar a Montmartre. Estudou contraponto e orquestração com Vincent d'Indy e Albert Roussel, na Paris Schola Cantorum, de onde saiu três anos depois com um diploma classificado 'Muito Bom'.
Era um personagem deveras curioso nos seus 1m67, excêntrico e irreverente. Além de compor, Satie gostava de escrever e fazer caricaturas, inclusive de si próprio. Fazia colecção de guarda-chuvas e cachecóis, e era famoso pelos seus 12 fatos de veludo cinza, absolutamente idênticos. Só ingeria comida branca: ovos, arroz, coco, nabos, peixe, queijo... Seus escritos autobiográficos, Mémoires d'un Amnésique, fizeram sucesso e seu estilo irónico e surrealista revela-se em 'Escritos em forma de grafonola' e 'Cahiers d'un Mammifère'.
Apaixonou-se pela sua vizinha, Suzanne Valadon, que além de pintora era 'modelo' de Renoir e Degas. No dia em que a conheceu, pediu-a em casamento. O romance duraria apenas seis meses, e ela acabaria por casar com outro.
Foi o inventor da música ambiente, a que chamava 'musique d'ameublement', que consistia na ideia de que música devia ser usada como mobilia para preencher o ambiente; música que fizesse parte dos ruídos naturais e os levasse em conta, sem se impor; que ocupasse os estranhos silêncios que ocasionalmente caíam sobre os convidados, e que neutralizasse barulhos da rua. Mas a sua música era demasiado bela para ser ignorada, e as pessoas quedavam-se escutando a sua performance, o que o levava ao exaspero e a gritar "Falem alguma coisa! Mexam-se! Não fiquem apenas escutando!" Essa ideia, na época, parecia absurda.
Picasso e Satie foram grandes amigos. Picasso chegou a dizer que Satie tinha sido uma das influências mais importantes da sua vida. Para além de um dos precursores do 'minimalismo', Satie foi o mentor do grupo "Les Six", banda de vanguarda que reagiu contra a influência do romantismo e do impressionismo na música. Com a supervisão de Jean Cocteau, o grupo era composto por Darius Milhaud, Arthur Honegger, Francis Poulenc, George Auric, Louis Durey e Germaine Tailleferre.
Em 1917, Picasso e Satie, trabalharam juntos no Ballet Parade, para o ballet russo de Diaghilev. Satie compôs a música, inovadora e original, na qual incorporou sons de máquinas de escrever, sirenes e tiros de pistolas - que foi objecto de escândalo. Picasso criou o cenário e o guarda-roupa e Jean Cocteau escreveu o argumento. Foi onde apareceu pela primeira vez o termo "surrealismo", usado por Apollinaire para descrever uma criação artistica que explora o mundo dos sonhos e do subconsciente.
Após anos de bebedeira, morreu de cirrose a 1 de Julho de 1925.
Recordam-se, aqui há tempo, de um grupo de médicos italianos ter vindo a público para que fosse suspensa, i.e., proibida, a emissão da série "Doctor House", na TV italiana - por não gostarem da "imagem" que aquele personagem de novela conferia à profissão?
Pois bem, agora é a vez do sentimento comum em Itália do "macho latino" reivindicar os seus afamados pretéritos censurarando a transmissão, na TV pública RAI2, do filme «Brokeback Mountain». Todas as cenas onde existiam gestos de afecto entre dois homens foram cortadas! Eu, pessoalmente, gostaria de saber se o filme faz algum sentido sem aquelas cenas. Sou capaz até de extrapolar ao ponto de dizer que o filme não tem razão de ser se não estiverem presentes as "tais" cenas, porque 'elas' são o filme!
Pode-se ver, por estas decisões "públicas", o estado a que chegou a Cultura de um país. Não fosse a Itália um país milenar, cuja história e mitologia é abundante em casos de homossexualidade, e outras originalidades de índole sexual, e pensaríamos estar a falar de culturas extremistas ligadas à fé islâmica. A consistência da atitude ainda é mais escandalosa, quando se sabe que todos os padres acusados de pedofilia, por exemplo, são transferidos de paróquia em paróquia, sem revelação do problema que suscitou a transferência, até ad extremis obterem santuário em Roma, onde ficam num qualquer retiro 'incomunicado' de propriedade do Vaticano. O que importa é manter as aparências!
Qualquer psicólogo estagiário saberia interpretar que é exactamente pela não denúncia, e mistificação da condição homossexual, que ocorrem estas aberrações pedófilas. Há muito que a homossexualidade foi retirada dos manuais científicos das doenças mentais - como era entendida no passado - e se a Igreja Católica a entende como prática imoral contranatura, também não podemos esquecer que o Vaticano entende todas as relações sexuais fora do acto procriativo como um pecado! E chega até à alucinada proibição do uso de preservativo num momento de pandemia de uma doença ainda incurável, sexualmente transmissível, que só pode ser controlada com essa prática.
RIO DE JANEIRO, Dec. 5 -- Brazil's decision to set a target for reducing deforestation by 70 percent over the next decade to combat climate change was hailed by environmentalists Friday as a significant goal for a major polluting country.(...)
The world's richest technology entrepreneur -- and leading philanthropist -- came to Washington yesterday with a simple message for President-elect Barack Obama: Increase spending.
Uma excelente reflexão - ou conclusão, como quiserem -, acerca da votação nos U.S.A. sobre a alta percentagem de negros que votaram contra o casamento homossexual, na Califórnia. O autor, também ele negro, apresenta-nos um detalhado estudo sobre a matéria e retira daí conclusões bastante interessantes, que não deixam de nos causar a nós, europeus, alguma perplexidade. Cliquem no Link para ler o artigo...
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