terça-feira, 12 de maio de 2009

Gabriel Garcia Márquez - «Memória das minhas putas tristes»

http://shalomshalom.files.wordpress.com/2008/01/gabriel-marquez.jpg
(Pag 65)... Antes de me deitar arranjei o toucador, pus a ventoinha nova em lugar da oxidada e pendurei o quadro onde ela o pudesse ver da cama. Deitei-me a seu lado e reconheci-a palmo e palmo. Era a mesma que andava pela minha casa: as mesmas mãos que me reconheciam pelo escuro, os mesmos pés de passos leves que se confundiam com os dos gatos (...).
(Pag107)... Quando por fim consegui abrir caminho, encharcado em suor, através dos abraços e das fotografias, encontrei-me em frente com Ximenes Ortiz, como deusa de cem anos na cadeira de rodas. A sua simples presença impunha-se como um pecado mortal.
(Pag113)... Preparado para tudo naquela noite, deitei-me de barriga para cima à espera de dor final (...) Então apaguei a luz no último alento (...) e contei as doze badaladas da meia-noite, com minha doze lágrimas finais (...)
Gabriel Garcia-Marquéz
(excertos do livro) MEMÓRIA DAS MINHAS PUTAS TRISTES