Hoje fala-se de maneira muito leviana da 'Teoria da Conspiração', dos Iluminati, das Sociedades Secretas, e da influência que algumas filosofias Ocultas tiveram nas convulsões históricas contemporâneas - como por exemplo, o desenvolvimento do Nazismo e a II Grande Guerra.
Se bem que tenha havido sempre um obscuro conciliábulo acerca das Sociedades Secretas e da sua verdadeira importância na história da humanidade, o que trouxe de novo à ribalta o tema foi um livro lançado em 1960, em Paris, sob o título 'Le Matin des Magiciens' (trad. em português por Despertar dos Mágicos), pelo escritor Louis Pauwels e o Físico Jacques Bergier. O título teve imenso sucesso nos meios intelectuais franceses, até porque Pauwels e Bergier tinham fundado a revista Planète que na altura tinha 80 mil subscritores e mais de 100 mil compradores, o que é notável dado o preço da revista. Seguiu-se em 1968 'Impossible Possibilities' e 'O Homem Eterno' (trd. Livros Bertrand) em 1970.
Foi a época dos 'livros de capa negra' e letras douradas que apareciam em catadupa e cuja qualidade oscilava entre o puro disparate e o ensaio técnico. Na aurora de um novo paradigma surgia o "Realismo Fantástico".
Houve trabalhos deveras interessantes, perdidos no meio da amálgama de charlatanice que invadiu o mercado, como as obras de Robert Charroux e Erich von Daniken, entre muitos outros.
O interessante no "Despertar dos Mágicos" foi sintonizar milhares de pessoas numa banda de espectro cultural até então tabu.
Que véu é esse que é levantado por Pauwels e Bergier acerca dos acontecimentos que estiveram por detrás da máquina que levou Hitler ao Poder e a Europa e uma Guerra Mundial?
Ao contrário das afirmações publicadas pelo chefe do serviço de imprensa do Fuhrer, Otto Dietrich, no seu livro Hitler Desmascarado, onde afirmava "Hitler era um homem demoníaco, vítima de ideias nacionalistas delirantes", Pauwels e Bergier fazem perguntas. Que quer dizer demoníaco? E que quer dizer delirante? Na Idade Média ter-se-ía dito que Hitler estava "possesso". Mas hoje? Ou a palavra 'demoníaco' nada significa ou significa possesso do demónio. Mas o que é o demónio? Acredita-se na existência do Diabo? A eles a palavra 'demoníaco' não os satisfaz. E a palavra delirante tampouco!
Se Hitler não era louco, nem possesso, o que é possivel, a história do nazismo continua no entanto inexplicável à luz do "século positivista". A psicologia das profundezas revela-nos que certas acções aparentemente racionais do homem, na realidade são governadas por forças que ele próprio ignora ou que têm relações com um simbolismo completamente estranho à lógica vulgar. Por outro lado sabemos, não que o Demónio não existe, mas que é diferente da visão da Idade Média.
Como disse Marcel Ray em 1939, a guerra que Hitler impôs ao mundo foi "uma guerra maniqueísta, ou, como disse a Escritura, uma luta dos deuses".
Não se trata de uma luta entre fascismo e democracia, entre uma concepção liberal e uma concepção autoritária das sociedades. Isto é o exoterismo da batalha.
Há ali um "esoterismo". Essa luta dos deuses que se desenrolou atrás dos acontecimentos aparentes não terminou no planeta.
Dizia Rauschning que "No fundo todo o alemão tem um pé na Atlântida, onde procura uma pátria melhor e um melhor património. Esta dupla natureza dos alemães, esta faculdade de desdobramento que lhes permite simultaneamente viver num mundo real e projectar-se num mundo imaginário, revela-se muito especialmente em Hitler e fornece a chave do seu socialismo mágico."
E Rauschning, tentando explicar a subida ao poder desse "grande sacerdote da religião secreta", tentava persuadir-se de que, por diversas vezes na história, "nações inteiras caíram num inexplicável agitação. Elas empreendem marchas de flagelantes. São agitadas pela dança de São Vito".
O nacional-socialismo, concluía ele, é a dança de São Vito do século XX. Mas de onde provém essa estranha doença? Não encontrava em parte alguma uma resposta satisfatória. "As suas raízes mais profundas mantêm-se em regiões secretas. São essas regiões secretas que nos parece útil explorar."
Se verificarmos apenas as Sociedades Secretas cujos princípios e juramentos faziam parte do recrutamento e treinamento das SS, elas crescem acima de uma dúzia: Arman Society, Monist Society, The Knight Templar, Von List Society, Artamarnen, Rosacrucianism, Antroposofia, (uma versão da) Francomaçonaria, Ariosofia, Sociedade de Thule, German Bund Society, Order of Teutons, Ahnenerbe: Nazi Ancestral Research Div, etc., etc.
A pergunta que imediatamente salta a todos é "Afinal, qual é objectivo das Sociedades Secretas? Porque existem elas? Como sobrevivem ao longo dos anos? Qual a sua influência?
Se acreditarmos nos chamados "paranóicos da teoria da conspiração"... existem há milénios... desde os Mistérios Gregos! Se dermos crédito aos "factos" comprovados mais actuais que relacionam Sociedades Secretas com grandes convulsões sociais e políticas, pode afirmar-se que não apenas elas foram uma influência determinante nas duas últimas Grandes Guerras como, extrapolando, se organizaram desde o final da Idade Média para combater a Idade das Trevas que asfixiou cultural e religiosamente a Europa, à sombra do Vaticano e da Inquisição, durante um milénio.
É exactamente aqui que se situa a "guerra maniqueísta" a que se referia Marcel Ray em 1939.
E qual é o propósito de fundo de todas as Sociedades Secretas?
Aqui a resposta é extraordinariamente rebuscada, velada e escorregadia. (E faço desde já aqui a minha declaração de interesses por ser do conhecimento público a minha simpatia pela Sociedade Teosófica.) Ainda assim, Madame Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, assim como Rudolf Steiner o criador da Sociedade Antroposófica, foram muitas vezes acusados de defender a 'pureza racial'.
Blavatsky escusar-se-ía dizendo que 'pureza racial' significava na verdade 'evolução espiritual do indivíduo', e Steiner e a sua Escola antroposófica que do que se tratava era de 'pedagogia Waldorf'.
Refiro aqui apenas estas duas instituições que merecem o maior respeito a nível mundial pelo seu trabalho nas áreas da educação, filantropia, pesquisa académica e investigação intelectual. A Franco-Maçonaria continua um enigma porque a sua produção intelectual pública é aparentemente inexistente... "e, contudo, ela move-se...", como diria Galileu!
É assaz provável que o produto intelectual "exotérico" (para as grandes massas) destas sociedades possa ser uma corruptela do verdadeiro significado "esotérico" (secreto) dos ensinamentos. Que levaram a grandes convulsões sociais, disso não há a menor dúvida. Mas qual o seu verdadeiro fim, talvez o desfecho dos últimos acontecimentos sociais possam trazer alguma luz acerca do assunto.
Se bem que tenha havido sempre um obscuro conciliábulo acerca das Sociedades Secretas e da sua verdadeira importância na história da humanidade, o que trouxe de novo à ribalta o tema foi um livro lançado em 1960, em Paris, sob o título 'Le Matin des Magiciens' (trad. em português por Despertar dos Mágicos), pelo escritor Louis Pauwels e o Físico Jacques Bergier. O título teve imenso sucesso nos meios intelectuais franceses, até porque Pauwels e Bergier tinham fundado a revista Planète que na altura tinha 80 mil subscritores e mais de 100 mil compradores, o que é notável dado o preço da revista. Seguiu-se em 1968 'Impossible Possibilities' e 'O Homem Eterno' (trd. Livros Bertrand) em 1970.
Foi a época dos 'livros de capa negra' e letras douradas que apareciam em catadupa e cuja qualidade oscilava entre o puro disparate e o ensaio técnico. Na aurora de um novo paradigma surgia o "Realismo Fantástico".
Houve trabalhos deveras interessantes, perdidos no meio da amálgama de charlatanice que invadiu o mercado, como as obras de Robert Charroux e Erich von Daniken, entre muitos outros.
O interessante no "Despertar dos Mágicos" foi sintonizar milhares de pessoas numa banda de espectro cultural até então tabu.
Que véu é esse que é levantado por Pauwels e Bergier acerca dos acontecimentos que estiveram por detrás da máquina que levou Hitler ao Poder e a Europa e uma Guerra Mundial?
Ao contrário das afirmações publicadas pelo chefe do serviço de imprensa do Fuhrer, Otto Dietrich, no seu livro Hitler Desmascarado, onde afirmava "Hitler era um homem demoníaco, vítima de ideias nacionalistas delirantes", Pauwels e Bergier fazem perguntas. Que quer dizer demoníaco? E que quer dizer delirante? Na Idade Média ter-se-ía dito que Hitler estava "possesso". Mas hoje? Ou a palavra 'demoníaco' nada significa ou significa possesso do demónio. Mas o que é o demónio? Acredita-se na existência do Diabo? A eles a palavra 'demoníaco' não os satisfaz. E a palavra delirante tampouco!
Se Hitler não era louco, nem possesso, o que é possivel, a história do nazismo continua no entanto inexplicável à luz do "século positivista". A psicologia das profundezas revela-nos que certas acções aparentemente racionais do homem, na realidade são governadas por forças que ele próprio ignora ou que têm relações com um simbolismo completamente estranho à lógica vulgar. Por outro lado sabemos, não que o Demónio não existe, mas que é diferente da visão da Idade Média.
Como disse Marcel Ray em 1939, a guerra que Hitler impôs ao mundo foi "uma guerra maniqueísta, ou, como disse a Escritura, uma luta dos deuses".
Não se trata de uma luta entre fascismo e democracia, entre uma concepção liberal e uma concepção autoritária das sociedades. Isto é o exoterismo da batalha.
Há ali um "esoterismo". Essa luta dos deuses que se desenrolou atrás dos acontecimentos aparentes não terminou no planeta.
Dizia Rauschning que "No fundo todo o alemão tem um pé na Atlântida, onde procura uma pátria melhor e um melhor património. Esta dupla natureza dos alemães, esta faculdade de desdobramento que lhes permite simultaneamente viver num mundo real e projectar-se num mundo imaginário, revela-se muito especialmente em Hitler e fornece a chave do seu socialismo mágico."
E Rauschning, tentando explicar a subida ao poder desse "grande sacerdote da religião secreta", tentava persuadir-se de que, por diversas vezes na história, "nações inteiras caíram num inexplicável agitação. Elas empreendem marchas de flagelantes. São agitadas pela dança de São Vito".
O nacional-socialismo, concluía ele, é a dança de São Vito do século XX. Mas de onde provém essa estranha doença? Não encontrava em parte alguma uma resposta satisfatória. "As suas raízes mais profundas mantêm-se em regiões secretas. São essas regiões secretas que nos parece útil explorar."
Se verificarmos apenas as Sociedades Secretas cujos princípios e juramentos faziam parte do recrutamento e treinamento das SS, elas crescem acima de uma dúzia: Arman Society, Monist Society, The Knight Templar, Von List Society, Artamarnen, Rosacrucianism, Antroposofia, (uma versão da) Francomaçonaria, Ariosofia, Sociedade de Thule, German Bund Society, Order of Teutons, Ahnenerbe: Nazi Ancestral Research Div, etc., etc.
A pergunta que imediatamente salta a todos é "Afinal, qual é objectivo das Sociedades Secretas? Porque existem elas? Como sobrevivem ao longo dos anos? Qual a sua influência?
Se acreditarmos nos chamados "paranóicos da teoria da conspiração"... existem há milénios... desde os Mistérios Gregos! Se dermos crédito aos "factos" comprovados mais actuais que relacionam Sociedades Secretas com grandes convulsões sociais e políticas, pode afirmar-se que não apenas elas foram uma influência determinante nas duas últimas Grandes Guerras como, extrapolando, se organizaram desde o final da Idade Média para combater a Idade das Trevas que asfixiou cultural e religiosamente a Europa, à sombra do Vaticano e da Inquisição, durante um milénio.
É exactamente aqui que se situa a "guerra maniqueísta" a que se referia Marcel Ray em 1939.
E qual é o propósito de fundo de todas as Sociedades Secretas?
Aqui a resposta é extraordinariamente rebuscada, velada e escorregadia. (E faço desde já aqui a minha declaração de interesses por ser do conhecimento público a minha simpatia pela Sociedade Teosófica.) Ainda assim, Madame Blavatsky, fundadora da Sociedade Teosófica, assim como Rudolf Steiner o criador da Sociedade Antroposófica, foram muitas vezes acusados de defender a 'pureza racial'.
Blavatsky escusar-se-ía dizendo que 'pureza racial' significava na verdade 'evolução espiritual do indivíduo', e Steiner e a sua Escola antroposófica que do que se tratava era de 'pedagogia Waldorf'.
Refiro aqui apenas estas duas instituições que merecem o maior respeito a nível mundial pelo seu trabalho nas áreas da educação, filantropia, pesquisa académica e investigação intelectual. A Franco-Maçonaria continua um enigma porque a sua produção intelectual pública é aparentemente inexistente... "e, contudo, ela move-se...", como diria Galileu!
É assaz provável que o produto intelectual "exotérico" (para as grandes massas) destas sociedades possa ser uma corruptela do verdadeiro significado "esotérico" (secreto) dos ensinamentos. Que levaram a grandes convulsões sociais, disso não há a menor dúvida. Mas qual o seu verdadeiro fim, talvez o desfecho dos últimos acontecimentos sociais possam trazer alguma luz acerca do assunto.