terça-feira, 20 de janeiro de 2009

OBAMA - Black Pearl


A maior parte de vocês não recorda o album dos Camel,"The Snow Goose". O tema reporta-nos para a amizade - baseado num texto de Paul Gallico, que nunca autorizou a banda Camel a utilizá-lo, aliás. Foi sempre referido como "based on". Eu acho que fez mal, porque se houve algum texto musical digno dos Camel é, sem qualquer dúvida, "The Snow Goose".
Eu, na época tocava num conjunto musical e tinhamos alguma sofreguidão pelos "denominados" rockers-sinfónicos... Jethro Tull, The Who, YES, C.S.N.&Y., Emerson, Lake & Palmer - e o inusitado rock espacial alemão de Klaus Schulze e os outros experimentalistas que se seguiram (Steve Roach, Brian Eno e mesmo Andreas Vollanweider e os Penguin Caffe Orchestra) que ninguém se lembra.
Mas o tema nessa altura pairava entre a musicalidade soft and gentle do 'ainda' acomodado aos ambientes românticos do shire britânico e o alucinado universo de Peter Gabriel e de Bridesheads por demais revisitados. O melting pot não era inadequado (e ainda não é) foi a mais excelente máquina de produção artística britânica, de onde saíram clássicos como James Ivory. Os USA haveria de se tentar recapturar intelectualmente desta onda que submergiu o mundo de inteligência com Andy Warhol e Gore Vidal, obviamente baldados aos seus sucessos de 15 minutos.
O paradigma americano que eu eventualmente mais objecto, é a tentativa de fazer MESMO da arte, técnica de produção, do qual eu discordo. Viu-se o que deu a produção artistica nos países comunistas. Foram excelentes na produção, as criaturas tornaram-se coisas, e a gente não sabe qual foi o objectivo do fenómeno, a não ser catando os seus desertos emocionais pessoais e vomitando glórias pátrias com bandeiras públicas a acenar de vodka. Um completo disparate intelectual.
Mas, voltando ao tema, o "Snow Goose" - O Ganso da Neve - e, é claro, a Barak Obama hoje entronizado como nosso Lord.
É claro que eu não vejo o Barak como um solitário artista vivendo num farol no meio de um pantano. A ideia, por parabólica, não deixa de excitar a minha curiosidade simbolista. Mas a história é absolutamente consentânea.
Vamos lá a ver. O que se retira do simbólico e da realidade comum?
Ele é o pássaro que consegue voltar a voar depois de Fritha lhe ter dado de novo o senso humano de confiança? Será o Rhayader o pássaro, a parábola ou o símbolo?
A questão é deveras importante aqui.
Muito embora eu goste de fazer jogos de palavras e ideias, o Barak Obama que hoje vai governar o mundo... quanto a mim claro... vejo-o como o tal farol, mesmo no meio dos marshes! Sobretudo porque não é daqueles faróis todos às riscas vermelhas para saltar à atenção! Aquele tem brilho próprio. Algo negro. Há pérolas assim.

(este texto é para ser lido ouvindo "The Snow Goose" dos CAMEL)