quinta-feira, 17 de julho de 2008

APOLÓNIO DE TIANA... o verdadeiro Cristo


Se há tema de conversa que irrite de maneira peristáltica a Igreja Católica, é a abordagem do seu tabú de estimação: o 1º Concílio de Nicea.
Foi um evento que aconteceu há muito tempo, em 325 Anno Domini (D.C.), a que supostamente ninguém deveria já dar atenção nenhuma mas, o caso é que --- por muitos embustes, crimes e hecatombes que a Igreja tenha perpetrado durante o seu sangrento percurso de evangelização do Mundo (as estatísticas contam em cerca de 50 milhões os inocentes designados de 'heréticos' que foram chacinados às suas mãos ao longo da História) --- este Concílio consegue exceder tudo o que uma imaginação delirante possa conceber.
Foi neste célebre Concílio, orquestrado pelo arqui-assassino Constantino, Imperador de Roma (que a sangue frio já tinha assassinado doze dos seus familiares, inclusive a sua própria esposa), mais 300 líderes religiosos de muitos credos diferentes, numa atmosfera de profunda discordância, ciúme, desconfiança e intolerância, que a Bíblia foi inventada! Na verdade, segundo Voltaire no seu Dictionnaire Philosophique, na Secção Conciles (a tradução é minha) "É contado no suplemento do Concilio de Nicea que os Padres estavam muito embaraçados para saber quais eram os livros apócrifos do Antigo e do Novo Testamento e colocaram-nos a trouxe-mouxe sobre o altar e os livros a rejeitar cairam por terra." ( Édition 1767 du Dictionnaire Philosophique).
Para além deste patético relato, não deixa de ser significativamente espantoso que o Imperador Constantino, homem de conhecida reputação de devasso pelas suas orgías e crimes, se preocupasse sobremaneira com religião. Muito menos ainda com a matéria em discussão no Concílio acerca da natureza divina de Jesus. Aliás, Constantino escreve uma carta ao clérigo de Alexandria em que dizia "Vós querelais sobre um assunto bem insignificante. Essas subtilezas são indignas de gentes razoáveis."
Tratava-se de saber se Jesus tinha sido criado ou incriado. Depois de muitas altercações, foi finalmente decidido que o Filho era tão antigo quanto o Pai, e consubstancial ao Pai.
Mas esse assunto teológico não nos interessa aqui, muito embora seja interessante ler Voltaire e saber que neste Concílio ainda não existia a Santíssima Trindade. A fórmula final deste Concílio determina apenas: "Acreditamos em Jesus consubstancial ao Pai, Deus de Deus, luz da luz, engendrado e não feito; acreditamos também no Espirito-Santo". Tudo isto à revelia de 17 bispos e dois mil padres que protestaram, segundo a Crónica de Alexandria conservada em Oxford, mas que não foram tidos em consideração por sempre pobres.
De facto, o único interesse que o Imperador Constantino tinha, em todo aquele imbróglio, era acabar com a sangrenta perseguição e massacre que movia àqueles primeiros cristãos, comunistas e pacifistas, que lhe prejudicavam a imagem e, ao mesmo tempo, sanar o problema da antiga religião de Roma, já em decadência, afim de constituir uma nova religião de Estado mais de acordo com o seu figurino. Os Padres da Igreja, outrora pagãos, e cujas mãos ainda estavam manchadas com o sangue da perseguição aos Essénios, viram que, com a adopção do Cristianismo, de forma revista, é claro, poderiam tirar partido do prestígio dos santos mártires junto da opinião pública e, ao mesmo tempo, agradar a Constantino. Até Reville, um estudioso católico, escreve com espanto: "O triunfo da cristandade durante o reinado de Constantino foi sempre considerado como uma revolução inesperada e uma daquelas surpresas históricas que, não tendo relação com qualquer outro fenómeno do passado, parecem quase um milagre. Leva-nos a conjecturar qual terá sido o processo pelo qual a mente humana tão rapidamente passou do desdém e da mais completa recusa dos ensinamentos da cristandade para o interesse e simpatia às doutrinas do novo credo..."
De maneira a tornar o desprezado culto dos Essénios aceitável para Constantino, Imperador de Roma, os Padres da Igreja tiveram que retirar da doutrina alguns pontos objeccionáveis por ele, como o consumo da carne e de bebidas alcoólicas. Foram então designados alguns "correctores" cuja tarefa foi a de reescrever os Evangelhos, retirando tudo o que dizia respeito ao vegetarianismo e abstinência ao alcoól. Os Padres da Igreja tinham um interesse especial em fazer uma tão radical mudança: eles também não queriam mudar os seus hábitos tão drasticamente. Ainda assim, Constantino insatisfeito com as decisões do Concílio, que obrigou a votar segundo a sua vontade, e impedido de matar Cristãos para seu gozo pessoal, inaugurou a primeira perseguição sistemática do Governo aos dissidentes cristãos, que denominou de heréticos (a maior parte deles Arianos), que foram forçados a fugir quando os trabalhos e livros de Arius foram confiscados e destruídos. Foram, no entanto, necessários mais duzentos anos para conseguir expurgar da doutrina cristã os conceitos de preexistência, reencarnação e salvação através da união com Deus.
Que os Evangelhos foram alterados e reescritos no Concilio de Nicea é provado pela declaração do Arcedíago Wilberforce que escreve: "Alguns não estão cientes que após o Concilio de Nicea em 325 DC os manuscritos do Novo testamento foram consideravelmente mexidos. O Professor Nestle na sua "Introduction to the Textual Criticism of the Greek Testament" diz-nos que alguns académicos, denominados de "correctores" foram designados pelas autoridades eclesiásticas e comissionados a corrigir o texto da Escritura no interesse do que era considerado Ortodoxia."
Como comentário a esta declaração, o Rev. G.J. Ouseley no seu "Gospel of the Holy Twelve" escreve: "Aquilo que os 'correctores' fizeram foi cortar minuciosamente dos evangelhos alguns ensinamentos do Nosso Senhor que eles não faziam tenções de seguir --- nomeadamente no que diz respeito a comer carne e tomar bebidas fortes (...)"
Há evidência de que não só as doutrinas originais do Cristianismo Essénio foram radicalmente mudadas no Concilio de Nicea e substituidas por outras mas também que o HOMEM que corporizava as doutrinas originais foi, da mesma maneira, subsituído por outro que exemplificaria as novas doutrinas. O nome do segundo homem, que não era vegetariano, que não proibia a matança de animais, era Jesus Cristo, que foi colocado no lugar de Apolónio de Tiana, o histórico grande professor do mundo no primeiro século.
O primeiro acto dos Padres da Igreja depois de criarem a nova religião e o seu messias, como nenhuma das coisas existira anteriormente, foi de mandarem queimar todos os livros a que puderam jogar as mãos, especialmente aqueles que tinham sido escritos nos últimos séculos, que não faziam menção a Jesus mas que se referiam largamente a Apolónio como líder espiritual do século primeiro. Se esses livros não fossem destruidos constituiriam uma ameaça à sobrevivência da sua fraude. Foi por esta a razão que os padres da igreja se deram tanto trabalho a queimar antigas livrarias, incluindo a famosa Biblioteca de Alexandria e os seus 400.000 volumes que foram reduzidos a cinzas por édito de Theodosius, quando uma multidão cristã destruiu o Serapeum, onde manuscriptos e pergaminhos eram guardados.
Contudo, os homens da igreja falharam o seu propósito porque os bibliotecários de Alexandria, prevendo os acontecimentos, retiraram secretamente os seus volumes mais preciosos, entre os quais aquele que tem causado uma longa discussão: "Life of Apollonius of Tyana" escrito por Flavius Philostratus no início do terceiro século D.C.
A razão pela qual este livro é tão temido pela Igreja é somente porque não faz qualquer referência a Jesus e ao Cristianismo. Apresenta Apollonius como o grande mestre do primeiro século, reverenciado por todo o Império Romano, por todos, desde o Imperador à plebe.
F.A. Campbell no seu livro "Apollonius of Tyana" escreve: "O nascimento de Apollonius é determinado no ano 4 A.C. Mas toda a gente sabe, de acordo com a actual computação, que o inicio da era Cristã está incorrecta e que o primeiro ano do Senhor deve ser datado quatro ou cinco anos antes. Se as natividades Apoloniana e Cristã pertencem ambas ao mesmo ano, a coincidência deve merecer mais atenção do que aquela que tem recebido."
Tanto a grata Tyana como a ingrata Nazareth, embalaram um profeta de vida impecável, de poderes maravilhosos, de super-abundância de amor e carinho, e de virtude heróica. Tanto Apollonius de Tyana como Jesus de Nazareth nasceram no mesmo lustro, se não no mesmo ano. Tanto o bébé de Tyana como o de Nazareth foram originados por um pai divino e uma mãe humana e ambas as crianças fizeram o seu primeiro choro entre cânticos celestiais. E não são só estes os paralelos nas memórias dos Tyanianos e dos Nazarenos
."
Depois de Campbell, Tschendorf acrescenta: "Autor atrás de autor, volume atrás de volume, a vida de Cristo pode ir aparecendo até o universo estar cheio e, no entanto, tudo o que temos da vida de Jesus, encontra-se no Evangelho de Mateus. Mais nenhuma pessoa especialmente associada a Jesus conta a sua história."
Taylor, em "Diegesis", 1829 escreve: "Investigámos todos os documentos que reclamaram uma plausível investigação e que a história preservou nas transacções do primeiro século, e nem uma simples passagem (mesmo que tivesse sido escrito em qualquer tempo dentro dos primeiros séculos) pôde ser produzida que mostrasse a existência de um tal homem Jesus Cristo ou um tal grupo de homens que pudesse assemelhar-se aos seus discípulos."

Aquilo que aqui é transcrito não pretende de maneira nenhuma minimizar o Cristianismo como religião ou filosofia de vida. Tenta apenas repôr a História para que outros não tenham a veleidade de a reescrever a seu bel-prazer.

Para informação mais especializada, além da 'montanha' de discussões historico-filosóficas sobre este assunto que encontrei na Net, remeto a todos para:
"Apollonius of Tyana the Nazarene" escrito por Dr. R. W. Bernard, B.A., M.A., PH.D. (1964)
Fieldcrest Publishing Co., Inc. 210 Fifth Avenue, New York 10, NY
http://members.iimetro.com.au/~hubbca/apollonius.htm