Correspondências maçónico-alquímicas
A pedra que o constructor torna para ser aperfeiçoada e integrada no edifício, corresponde ao lapis que constitui a matéria prima a manipular no matraz.
Porém, quer uma quer outra, independentemente da utilidade material de que possam vir a revestir-se, representam o aspecto mais exterior da Obra ou seja: apresentam-se apenas como resultado de uma acção exercida, pelo oficial, sobre a manifestação. Esse resultado, em tudo semelhante ao efeito do espelho, projecta na manifestação princípios não manifestados, estes de carácter eminentemente interior.
Assim, pode afirmar-se que, a pedra visível e palpável sobre a qual opera o manipulador, é a manifestação de uma pedra oculta, invisível e impalpável. Esta pedra - causa espiritual - determina e condiciona a pedra da Obra - efeito material. Entre elas, como elemento de ligação mediando dois mundos e duas ordens de realidade, o operador realiza a acção perfeita que é a de representar materialmente, na manifestação, o sentido e a ordem transcendente, numa acção dupla e simultânea, impregnando a matéria de espírito e dando corpo à espiritualidade, conforme a regra solve et coagula.
Dissolver o fixo e fixar o volátil eis o permanente labor do alquimista e do maçon. O primeiro reproduz no vaso o drama cósmico da Criação, de modo a rectificar a pedra material, marcada pelo estigma da Queda, de modo a fazer dela um reflexo perfeito da pedra oculta. O segundo toma a pedra inútil e rectifica-a de modo a que ela possa ser parte corporal do Templo. ganhando nessa metamorfose uma condição espiritual que a sua imperfeição nativa não permitiria. Espiritualizar a substância dando substância ao espírito, eis o ofício do manipulador perfeito, com mandato iniciático para o seu labor.
A Tradição distingue dois géneros de pedra sagrada ou sacralizada: os aerolitos - porque oriundos do Céu, com todas as consequências simbólicas dessa origem - e as pedras de Obra ou seja, as que são objecto de manipulação iniciática. O aerolito, correspondendo a uma descida de um princípio celeste à manifestação terrestre, tem por complemento o bétilo, representando uma subida de um elemento terrestre à espiritualidade celeste.
A pedra que o constructor torna para ser aperfeiçoada e integrada no edifício, corresponde ao lapis que constitui a matéria prima a manipular no matraz.
Porém, quer uma quer outra, independentemente da utilidade material de que possam vir a revestir-se, representam o aspecto mais exterior da Obra ou seja: apresentam-se apenas como resultado de uma acção exercida, pelo oficial, sobre a manifestação. Esse resultado, em tudo semelhante ao efeito do espelho, projecta na manifestação princípios não manifestados, estes de carácter eminentemente interior.
Assim, pode afirmar-se que, a pedra visível e palpável sobre a qual opera o manipulador, é a manifestação de uma pedra oculta, invisível e impalpável. Esta pedra - causa espiritual - determina e condiciona a pedra da Obra - efeito material. Entre elas, como elemento de ligação mediando dois mundos e duas ordens de realidade, o operador realiza a acção perfeita que é a de representar materialmente, na manifestação, o sentido e a ordem transcendente, numa acção dupla e simultânea, impregnando a matéria de espírito e dando corpo à espiritualidade, conforme a regra solve et coagula.
Dissolver o fixo e fixar o volátil eis o permanente labor do alquimista e do maçon. O primeiro reproduz no vaso o drama cósmico da Criação, de modo a rectificar a pedra material, marcada pelo estigma da Queda, de modo a fazer dela um reflexo perfeito da pedra oculta. O segundo toma a pedra inútil e rectifica-a de modo a que ela possa ser parte corporal do Templo. ganhando nessa metamorfose uma condição espiritual que a sua imperfeição nativa não permitiria. Espiritualizar a substância dando substância ao espírito, eis o ofício do manipulador perfeito, com mandato iniciático para o seu labor.
A Tradição distingue dois géneros de pedra sagrada ou sacralizada: os aerolitos - porque oriundos do Céu, com todas as consequências simbólicas dessa origem - e as pedras de Obra ou seja, as que são objecto de manipulação iniciática. O aerolito, correspondendo a uma descida de um princípio celeste à manifestação terrestre, tem por complemento o bétilo, representando uma subida de um elemento terrestre à espiritualidade celeste.
No caso presente, interessa-nos exclusivamente a pedra manipulada canonicamente que, tendo no bétilo o seu arquétipo, constitui sempre um modo recíproco de espiritualizar a substância, materializando o espirito.
Tomando como dupla referência as tradições hermética e maçónica, estabeleçamos as analogias entre a pedra alquímica, enquanto matéria prima da Obra, e a pedra do construtor, enquanto módulo individual do Templo. Partindo deste princípio, consideremos, analogicamente as fases fundamentais da Obra do alquimista e do maçon.
A fase hermética do nigredo, em que a matéria escolhida é "carbonizada" destina-se a provocar a sua morte física - putrefacio - condição primeira para um eventual renascimento in gloria. Marcado pelo luto das trevas, este momento constitui uma "paixão" no sentido teológico do termo. Tal dissolução morfológica destrói a escória corporal, tomando a massa um aspecto cadavérico. Não obstante, sob tal aparência, algo palpita no seu interior, indicando que a morte é um mero efeito iniciático e não uma causa absoluta.
Bem assim, a Pedra Bruta maçónica é negra e sobre ela se faz o primeiro trabalho do recém iniciado que, vindo das trevas mortais em que todo o homem nasce, viu uma réstia de luz, ao terceiro "golpe". Esta pedra disforme, aparentemente inerte, guarda igualmente, em si, o germe modular de uma metamorfose. Aprendendo de pronto os ensinamentos da iniciação, o novo Aprendiz transmite à Pedra Bruta, por três "golpes", a luz que do mesmo modo lhe foi dada. Com isto, torna dúctil a morfologia áspera do mineral, transmitindo-lhe um sopro do espírito, como prelúdio de uma fase mais avançada da Obra.
O albedo hermético tem o seu tempo quando a escória negra da pedra calcinada apresenta, em alguns pontos, o brilho do diamante negro. É o sinal de que o cadáver se anima de uma insuspeitada vitalidade. Trata-se, então, de libertar essa emanação de todo o carvão que a envolve, de forma a que, devidamente purificada e isolada, ganhe o esplendor brilhante da neve, um fulgor de alvura e de pureza dificilmente atribuível à natureza, no seu estado nativo. Ao corpo renascido juntou-se agora uma "alma".
Essa brancura é também emblemática da Pedra Cúbica, na qual o Companheiro maçon aplicou a sua Arte purificadora. A escória que energrecia o minério e lhe dava uma forma caótica, foi desbastada até obter a perfeição do cubo, entidade geométrica associada à volumetria das quatro, das seis e, potencialmente, às sete direcções do espaço, ou outras tantas qualidades arquétipas da realidade. Agora, a pedra é uma fonte de conhecimento e ensinamento.
Mantendo um regime de fogo e tempo, que a Alquimia tem por adequado, a pedra alva ganha nova coloração e alcança o rubedo. Não há - dizem os manipuladores afortunados - nenhum vermelho da Natureza que se assemelhe ao esplendor rubro dessa matéria sublime. Alegoricamente ela é a coroa real de toda a Obra: o ponto mais alto a que o artista dedicado esperaria chegar. A partir de então já nada se pode acrescentar ou subtrair à pedra excelsa. Espírito e matéria são uma só coisa. (excerto) «Carlos Dugos»
Tomando como dupla referência as tradições hermética e maçónica, estabeleçamos as analogias entre a pedra alquímica, enquanto matéria prima da Obra, e a pedra do construtor, enquanto módulo individual do Templo. Partindo deste princípio, consideremos, analogicamente as fases fundamentais da Obra do alquimista e do maçon.
A fase hermética do nigredo, em que a matéria escolhida é "carbonizada" destina-se a provocar a sua morte física - putrefacio - condição primeira para um eventual renascimento in gloria. Marcado pelo luto das trevas, este momento constitui uma "paixão" no sentido teológico do termo. Tal dissolução morfológica destrói a escória corporal, tomando a massa um aspecto cadavérico. Não obstante, sob tal aparência, algo palpita no seu interior, indicando que a morte é um mero efeito iniciático e não uma causa absoluta.
Bem assim, a Pedra Bruta maçónica é negra e sobre ela se faz o primeiro trabalho do recém iniciado que, vindo das trevas mortais em que todo o homem nasce, viu uma réstia de luz, ao terceiro "golpe". Esta pedra disforme, aparentemente inerte, guarda igualmente, em si, o germe modular de uma metamorfose. Aprendendo de pronto os ensinamentos da iniciação, o novo Aprendiz transmite à Pedra Bruta, por três "golpes", a luz que do mesmo modo lhe foi dada. Com isto, torna dúctil a morfologia áspera do mineral, transmitindo-lhe um sopro do espírito, como prelúdio de uma fase mais avançada da Obra.
O albedo hermético tem o seu tempo quando a escória negra da pedra calcinada apresenta, em alguns pontos, o brilho do diamante negro. É o sinal de que o cadáver se anima de uma insuspeitada vitalidade. Trata-se, então, de libertar essa emanação de todo o carvão que a envolve, de forma a que, devidamente purificada e isolada, ganhe o esplendor brilhante da neve, um fulgor de alvura e de pureza dificilmente atribuível à natureza, no seu estado nativo. Ao corpo renascido juntou-se agora uma "alma".
Essa brancura é também emblemática da Pedra Cúbica, na qual o Companheiro maçon aplicou a sua Arte purificadora. A escória que energrecia o minério e lhe dava uma forma caótica, foi desbastada até obter a perfeição do cubo, entidade geométrica associada à volumetria das quatro, das seis e, potencialmente, às sete direcções do espaço, ou outras tantas qualidades arquétipas da realidade. Agora, a pedra é uma fonte de conhecimento e ensinamento.
Mantendo um regime de fogo e tempo, que a Alquimia tem por adequado, a pedra alva ganha nova coloração e alcança o rubedo. Não há - dizem os manipuladores afortunados - nenhum vermelho da Natureza que se assemelhe ao esplendor rubro dessa matéria sublime. Alegoricamente ela é a coroa real de toda a Obra: o ponto mais alto a que o artista dedicado esperaria chegar. A partir de então já nada se pode acrescentar ou subtrair à pedra excelsa. Espírito e matéria são uma só coisa. (excerto) «Carlos Dugos»