sábado, 18 de abril de 2009

JÓIAS DA LITERATURA - Jorge de Sena e «O Físico Prodigioso»

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Jorge de Sena construiu um trabalho literário cujo percurso foi - ao seu tempo - adverso às políticas vigentes. Aliás, acabou exilado no Brasil e depois, mais tarde, maltratado também no Brasil, por influências e pressões da política portuguesa, como Prof. na Universidade da Califórnia - onde ficou até á sua morte - salvo o raro exemplo depois do 25 de Abril de 74 onde voltou ao nosso país, para constatar, com espanto, que nem assim era bem querido! Voltou, então, de novo aos EUA.
Escreveu dois dos seus monumentos ao insulto, «O Reino da Estupidez», em 2 volumes, onde subestima substantivamente, e muito comicamente, os nossos mais «executivos» intelectuais e pessoas «consideráveis» na palhaçada governativa da altura!
Para estudantes de literatura, ou política, é um bom «pasto» para vadiarem na irreverência de um intelectual que foi sobretudo LIVRE e de uma criatividade soberba. Além disso, um extraordinário escritor!
Uma das suas ficções mais desconhecidas é «O Físico Prodigioso». É uma novela curta. Presumo que foi feita numa noite. Mas o tema é densíssimo. Nada como o relatório quase jornalístico dos seus «Sinais de Fogo» - romance que presumo nunca ter sido acabado - e que é longo, cansativo e sem desfecho!
O que tem interesse no «Fisico Prodigioso» é que Jorge de Sena nunca tinha abordado o «mágico» na literatura e o faz de forma notável. É uma pessoa totalmente prática e cartesiana, e de repente cria um conto com contornos místicos vastamente interessantes. Onde não exclui o sexo!
É interessante o sexo e a magia, porque faziam parte das duas pulsões psicológicas da altura. Uma espécie de que a magia devia estar ligado obrigatoriamente à força sexual recôndita - uma espécie de refúgio Freudiano das pulsões.
O livro é interessantíssimo e aconselho em absoluto.
Está na colectânea «Novas Andanças do Demónio». Onde há contos de uma beleza inacreditável.
Um esquecido num país de iletrados. É uma pena