quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

COMPLOTS


Eu sou um admirador do trabalho de Agatha Christie cuja obra li por inúmeras vezes. Muito embora alguns dos seus complicados complots sejam mais tradicionais, ou visionáveis a nível cinéfilo, como "Morte no Nilo", o "Espelho Quebrado" ou o "O Assassinato de Roger Ackroyd" e o mais incrível e macabro "Os Dez pequenos Negros" (que é diabólico), o mais completo complot quanto a mim é "A Terceira Inquilina".
Não resulta muito bem em cinema nem com o fabuloso David Suchet como actor principal, porque a intriga é tão densa que não cabe no filme. Sinceramente, se não tivesse lido o livro não entendia metade do que se passa naquela produção da BBC, que usualmente é muito cuidadosa.
A intriga trata de demonstrar a alguém que está ficando louco pela substituição de coisas comuns para herdar uma herança. Claro que a substituição é sistemática e começa por eliminar indícios do passado para que os novos actores possam substituir a imagem do presente. Digamos que seria aquilo que constituiriamos intelectualmente como "uma lavagem de cérebro à britânica".
Mas o objecto do escritor e constructor de todo o complot é sempre demonstrar intelectualmente e praticamente que quem produziu todas as tramas e urdiduras para confundir a opinião, ou os sentimentos, será decifrado e levado ao escandalo e à punição.
Por mais complicados que sejam as tramas de Agatha Christie têm um final, e vamos para a cama confortavelmente sabendo que a justiça existe.
Porque não acontece isso no meu país?