Lembramos que uma educação através das imagens foi típica de qualquer sociedade absolutista ou paternalista; desde o antigo Egipto à Idade Média. A imagem é o resumo visual e indiscutível de uma série de conclusões a que se foi chegando através da elabpração cultural; e a elaboração cultural que se serve da palavra transmitida por escrito, é apanágio da elite dirigente, ao passo que a imagem final é construída para a massa submetida. Neste sentido têm razão os maniqueístas: existe na comunicação por imagem algo de radicalmente limitativo, de insuperavelmente reaccionário. E, todavia, não se pode recusar a riqueza de impressões e de descobertas que em toda a história da civilização os discursos por imagem deram aos homens.
Uma sábia política cultural (ou melhor, uma sábia política dos homens de cultura, todos eles de co-responsáveis pela operação TV) será a de educar, eventualmente através da TV, os cidadãos do mundo futuro a saberem temperar a recepção de imagens com uma igualmente rica recepção de informações «escritas».
A civilização da TV como complementar de uma civilização do livro. Talvez seja menos difícil do que se julga, mas não seria utópico pedir à TV uma série de programas didácticos destinados a «descondicionar» o público, a ensinar a não ver televisão mais do que o necessário, a dominar a identificação por si do momento em que a audição já não é voluntária, a atenção torna-se hipnose e a convicção assentimento emotivo."
Umberto Eco «Apocalipticos e Integrados» pags 393/395
Uma sábia política cultural (ou melhor, uma sábia política dos homens de cultura, todos eles de co-responsáveis pela operação TV) será a de educar, eventualmente através da TV, os cidadãos do mundo futuro a saberem temperar a recepção de imagens com uma igualmente rica recepção de informações «escritas».
A civilização da TV como complementar de uma civilização do livro. Talvez seja menos difícil do que se julga, mas não seria utópico pedir à TV uma série de programas didácticos destinados a «descondicionar» o público, a ensinar a não ver televisão mais do que o necessário, a dominar a identificação por si do momento em que a audição já não é voluntária, a atenção torna-se hipnose e a convicção assentimento emotivo."
Umberto Eco «Apocalipticos e Integrados» pags 393/395